Como funciona a memória e como podemos melhorá-la?
As memórias nos tornam quem somos, nos ajudam a compreender o mundo e moldam nossa visão. As memórias são essenciais para ações desde a aprendizagem até a capacidade de criar vínculos afetivos.
Como as memórias se formam?
Para ficar mais fácil de entender como a memória é construída no cérebro, melhor pensar nela como uma rede. Os locais exatos de armazenamento ainda são um mistério para os pesquisadores, mas os mecanismos principais já são conhecidos pela ciência.
O hipocampo é responsável por gerenciar as emoções, memória e aprendizado. As memórias em si, ficam armazenadas em diferentes áreas do cérebro, desde o córtex frontal à camadas mais profundas - isso varia de acordo com o tipo da lembrança.
O hipocampo é quem decide o que será armazenado na memória e onde será guardado; mas, cabe aí a participação dos neurônios para garantir que isso seja feito. A quantidade e a organização de cada neurônico garante a retenção da informação e a transmissão desta de forma coesa. A genética também influencia na arquitetura cerebral e na forma como as memórias são estocadas e resgatadas.
O cérebro começa a se formar durante a gestação, continua na infância e na adolescência e tem sua maturação biológica aos 22 anos.
Fatores externos - tal qual a escolaridade, círculo de amizades, estímulo musical, esportes e linguagem - funcionam como marcadores que criam um mapa único: sua memória; que é organizada em um cérebro extremamente complexo e recheado das suas experiências.
Quais são os tipos de memórias?
Existem dois tipos principais de memórias: a de curto e a de longo prazo.
1 - Memória de curto prazo
Dura no máximo 6 horas. Podemos subdividi-la em duas:
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Memória Imediata
Guardam informações recentemente apresentadas por um tempo curto, como o nome de alguém ou um número de telefone.
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Memória de trabalho
Guarda temporariamente informações que realizam tarefas cognitivas, como a leitura, o entendimento da linguagem ou mesmo o raciocínio.
2 - Memória de longa duração
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Episódicas
São todas as memórias que têm uma referência pessoal - como o dia do seu casamento, a primeira vez que comeu uma comida da sua avó ou alguns detalhes de uma festa especial.
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Semânticas
São informações adquiridas por meio do convívio social, como por exemplo: saber que o sinal vermelho indica pare, saber que a capital do Japão é Tóquio ou mesmo lembrar-se de algumas palavras em outro idioma que não seja o seu.
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Não declarativas
São memórias que não podem ser ensinadas oralmente, como a motora, por exemplo. Ela retém informações sobre como andar ou falar, como comer ou como andar de bicicleta. Esta é ancorada em um sistema duradouro, que dificulta a perda das informações.
É possível treinar a memória?
Assim como a um músculo, é possível reinar a memória.
As memórias de curto prazo - como o número de telefone que você acabou de receber ou o nome de alguém, só precisam durar até você achar uma caneta ou abrir o bloco de notas do celular. Neste caso, elas estão ligadas a um impulso elétrico momentâneo do hipocampo.
Se estas informações são esquecidas, é porque elas não foram levadas a outras camadas cerebrais mais profundas. Para se ter memórias “definitivas”, o único jeito é treinar. Como? Usando estas memórias por mais tempo.
Por exemplo, se comecei hoje a tomar aulas de alemão e aprendo uma frase, basta uma ida ao banheiro para esquecê-la. Aí eu falo de novo e de novo; e é como se o hipocampo entendesse por meio da repetição que essa informação é importante e decidisse armazená-la para evitar ficar a prendendo sempre “do zero”. Dessa forma, vamos criando mais redes neurais; ou modificando as que já temos.
Por meio da repetição, a informação sai desse impulso momentâneo e se reestrutura de forma a alterar a organização do sistema nervoso. Os cientistas nomeiam esse fenômeno como plasticidade cerebral. É assim que nosso cérebro, do ponto de vista científico, funciona para guardar memórias a partir das nossas experiências e comportamentos.
O hipocampo evoca memórias armazenadas em diferentes regiões do cérebro para formar novos neurônios. Esse processo é chamado de neurogênese. Isso denota que nosso cérebro é capaz de aprender por meio de novas experiências.
Como melhorar a memória?
Existem algumas formas de melhorar nossa memória.
1 - Aprendendo da melhor forma possível
Prestar atenção àquilo que estou vivendo aumenta a possibilidade de fazer um bom traço de memória. O contato com novos temas ou atividades também podem ajudar a saúde cognitiva de forma geral.
2 - Dormir bem
O bom funcionamento do cérebro depende de uma boa higiene do sono. Enquanto nós estamos dormindo, o cérebro faz um tipo de varredura para limpar substâncias tóxicas, ficando pronto para novas interações e consolidações de novas memórias.
3 - Alimentação balanceada
As células cerebrais estão continuamente se restituindo e, para isso precisam de energia e nutrientes para formá-las. A manutenção dessas células também depende de tudo o que comemos. O consumo de muita gordura saturada, por exemplo, está associado ao mau funcionamento das células e à demência vascular.
4 - Atividade física
Os treinos intensos aumentam a vascularização sanguínea e, por consequência, a renovação celular e a plasticidade cerebral.
5 - Redução do estresse
Controlar o estresse e a ansiedade também é bom para a memória. A adrenalina gerada por meio desses sentimentos pode levar á perda da atividade cerebral em diferentes áreas e até de forma crônica.
6 - Saúde emocional
Ter amigos e vida social, manter relacionamentos afetivos e praticar técnicas de meditação ou psicoterapia podem ajudar bastante a reduzir a atividade nas áreas do cérebro que reagem ao estresse; gerando um aumento de reações positivas que contribuem para a manutenção da memória.
Fonte: UOL Viver Bem