Anemia por falta de ferro: o que é e como prevenir

Como o próprio nome diz, a anemia ferropriva é causada pela deficiência de ferro no organismo, e pode atacar tanto adultos, quanto crianças

O que é a anemia ferropriva?

É o tipo de anemia decorrente da baixa ingestão ou deficiência de ferro no organismo - o que acarreta uma diminuição na produção tamanho e teor de hemoglobina dos glóbulos vermelhos - as hemácias.

O ferro é um dos principais agentes para a produção de hemácias e, se essa taxa cai, por consequência, o transporte de oxigênio para todo o organismo fica comprometido e várias consequências são desencadeadas. 

Estima-se que 90% das anemias sejam causadas por deficiência de ferro.

Causas da anemia ferropriva

Falta de ferro na alimentação

Infelizmente, essa é a causa mais comum de deficiência de ferro no mundo, principalmente em crianças abaixo de 2 anos e gestantes. No Brasil, estima-se que atinja 25 % das crianças até os 2 anos de idade e 21% até os 5 anos de idade. Alguns estudos no Brasil chegaram a apontar uma prevalência de anemia em 50% ou mais em crianças até os 5 anos de idade, que frequentavam escolas ou creches e Unidades Básicas de Saúde.

Diminuição da absorção de ferro no organismo

Vários tipos de doenças ou condições clínicas podem interferir na absorção do ferro pela mucosa intestinal:

1. Cirurgias que retiram partes do estômago e/ou intestino que afetam a absorção do ferro como gastrectomias por úlceras no estômago e cirurgia bariátrica que retira parte do estômago e do intestino para redução do peso
2. Parasitoses (verminoses) intestinais como ancilostomíase, causada pelo parasita Ancylostoma duodenales, que “roubam” o ferro dos alimentos antes destes ser absorvido pelo intestino
3. Trânsito intestinal acelerado, como nos casos de diarreias frequentes dificultando a absorção do ferro durante sua passagem pelo intestino delgado que é o local de absorção deste
4. Doença Celíaca (enteropatia pelo glúten) que leva à diminuição da absorção do ferro causada pela inflamação crônica da mucosa intestinal e diarreias frequentes.

Perda de sangue frequente causada por:

• Menstruação longa e com volume acentuado - condição nomeada “hipermenorreia” pelos médicos. Também pode ser causadora de miomas uterinos e sangramentos vaginais excessivos.
• Sangramentos crônicos no tubo digestivo ocasionados por úlceras, pólipos, cânceres, hemorroidas, doenças intestinais, varizes esofágicas ou parasitoses.
• Sangramentos constantes pelo nariz ou pela urina.
• Doenças descamativas da pele que cursam com descamação cutânea excessiva.

Fatores de risco para a anemia ferropriva

O principal fator de risco para a anemia ferropriva é a deficiência alimentar em ferro. 

Os públicos mais suscetíveis são as crianças, idosos e gestantes. Pacientes bariátricos ou em redução de peso corporal também podem ser vítimas da patologia. Pacientes com hipotireoidismo também podem desenvolver anemia ferropriva como fator secundário, assim como vegetarianos mal orientados. 

Sintomas da anemia ferropriva

• Fadiga crônica e desânimo
• Cansaço aos esforços
• Pele e mucosas pálidas (descoradas)
• Tonturas e sensação de desmaio
• Dores de cabeça e dores nas pernas
• Geofagia (vontade incontrolável de comer terra)
• Queda de cabelo e unhas fracas e quebradiças
• Falta de apetite
• Taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos)
• Dificuldade de concentração e lapsos de memória
• Diminuição do desejo sexual.

Como descobrir se eu tenho anemia ferropriva?

Se você se identificou com alguns dos sintomas acima listados, talvez seja adequado procurar um médico. Os profissionais que podem identificar uma anemia ferropriva são: 

• Clínico geral
• Nutrólogo
• Endocrinologista.

Vá preparado para a consulta: tenha em mente seus hábitos alimentares, rotina, estilo de vida, há quanto tempo apresenta os sintomas, se tem perda recorrente de sangue ou se passou por alguma cirurgia no estômago ou intestino recentemente.

Diagnóstico de anemia ferropriva

Com um simples exame de sangue já é possível identificar se o paciente possui ou não anemia ferropriva. Os exames mais indicados são:

• Hemograma (série vermelha): detecta se a taxa de hemoglobina está baixa e se o formato dos glóbulos vermelhos está alterado. Glóbulos vermelhos muito pequenos (microcitose) e de coloração mais descorada (hipocromia ) são dados que confirmam ser a deficiência de ferro a principal causa
• Ferritina: avalia as reservas de ferro dentro do organismo, que geralmente estão baixas na anemia ferropriva
• Outros parâmetros como dosagem de ferro e capacidade total de ligação do ferro podem se alterar em outras condições clínicas e não apenas na anemia ferropriva, devendo ser avaliados com cautela para não haver confusão no diagnóstico.

Em alguns casos, o médico pode indicar exames complementares para identificar a causa da escassez de ferro no organismo, como endoscopia, colonoscopia, exame de fezes ou urina.

Como tratar a anemia ferropriva?

O tratamento a princípio é fazer reposição de ferro por meio da alimentação controlada e suplementação. As doses de sais de ferro podem chegar a 200 ou 300 mg tomadas em doses diárias por no mínimo 2 a 3 semanas, variando conforme cada caso e grau de anemia. As demais causas apontadas acima devem ser tratadas de forma individual.

Como prevenir a anemia ferropriva?

A prevenção começa por uma alimentação balanceada, com alimentos fontes de ferro no dia a dia. 

• Carne vermelha
• Gema de ovo
• Melaço da cana
• Folhas verde escuras (rúcula, agrião, couve, espinafre, etc)
• Leguminosas como feijão, ervilha, grão-de-bico, soja, lentilhas
• Fígado, miúdos de peru e frango.

É recomendado o consumo de frutas cítricas (como abacaxi, limão e laranja) junto a alimentos cuja origem do ferro seja vegetal. Os cítricos estimulam a absorção do ferro na mucosa intestinal por conta da vitamina C presente. 

De forma contrária, o ferro de origem animal pode ser mal absorvido devido a presença do cálcio (leite, queijo, iogurte); então a ingestão de ambos deve ser feita em horários alimentares distintos.

Acrescentar também alimentos enriquecidos com ferro é uma boa estratégia, como farinha de trigo e milho enriquecidas. Gestantes demandam suplementação prescrita por obstetra.

Fontes:

MinhaVida 

Drauzio